sábado, 7 de novembro de 2015

CULTURA AFROBRASILEIRA




COLÉGIO ESTADUAL POLIVALENTE DE CANDEIAS
Disciplina: Arte
Professor: Júlio Nessin


Cultura Afro-brasileira

Denomina-se cultura afrobrasileira o conjunto de manifestações culturais do Brasil que sofreram algum grau de influência da Cultura africana desde os tempos do Brasil Colônia até a atualidade. A cultura da África chegou ao Brasil, em sua maior parte, trazida pela escravidão africana na época do tráfico transatlântico de escravos. No Brasil a cultura africana sofreu também a influência das culturas europeia (principalmente portuguesa) e indígina, de forma que características de origem africana na cultura brasileira encontram-se em geral mescladas a outras referências culturais.
Traços fortes da cultura africana podem ser encontrados hoje em variados aspectos da cultura brasileira, como a música popular, a religião, a culinária o folclore e as festividades populares. Os estados do Maranhão, Pernambuco, Alagoas, Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul foram os mais influenciados pela cultura de origem africana, tanto pela quantidade de escravos recebidos durante a época do tráfico como pela migração interna dos escravos após o fim do ciclo  da cana de açúcar na Região Nordeste.
Ainda que tradicionalmente desvalorizados na época colonial e no século XIX, os aspectos da cultura brasileira de origem africana passaram por um processo de revalorização a partir do século XX que continua até os dias de hoje.
O interesse pela cultura afro-brasileira manifesta-se pelos muitos estudos nos campos da sociologia, antropologia, etnologia, música e linguística, entre outros, centrados na expressão e evolução histórica da cultura afro-brasileira.
Muitos estudiosos brasileiros como o advogado Edson Carneiro, o médico legista Nina Rodrigues, o escritor Jorge Amado, o poeta e escritor mineiro Antônio Olinto, o escritor e jornalista João Ubaldo Ribeiro, o antropólogo e museólogo Raul Lody. entre outros, além de estrangeiros como o sociólogo francês Roger Bastide, o fotografo Pierre Verger,  a pesquisadora etnóloga estadounidense Ruth Landes,  o pintor argentino Carybé, dedicaram-se ao levantamento de dados sobre a cultura afro-brasileira, a qual ainda não tinha sido estudada em detalhe.
Alguns infiltraram-se nas religiões afrobrasileiras, como é o caso de João do Rio, com esse propósito; outros foram convidados a fazer parte do Candoblé como membros efetivos, recebendo cargos honoríficos como Obá de Xangô no Ilê Axé Opô Afonjá e Ogan na Casa Branca do engenho Velho, Terreiro do Terreiro do Gantois, e ajudavam financeiramente a manter esses Terreiros.
Muitos sacerdotes leigos em literatura se dispuseram a escrever a história das religiões afro-brasileiras, recebendo a ajuda de acadêmicos simpatizantes ou membros dos candomblés. Outros, por já possuírem formação acadêmica, tornaram-se escritores paralelamente à função de sacerdote, como é caso dos antropólogos Júlio Santana Braga e Vivaldo da Costa Lima, as Ialorixás Mãe Stella e Giselle Cossard, também conhecida como Omindarewa a francesa, o professor Agenor Miranda, advogada Cléo Martins  e o professor de sociologia Reginaldo Prandi, entre outros.

Religião
Os negros trazidos da África como escravos geralmente eram imediatamente batizados e obrigados a seguir o Catolicismo. A conversão era apenas superficial e as religiões de origem africana conseguiram permanecer através de prática secreta ou sincretismo com o catolicismo.
Já no Brasil colonial os negros e mestiços, escravos ou forros, muitas vezes associavam-se em irmandades religiosas católicas. A irmandades da Boa Morte e a  irmandades de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos foram das mais importantes, servindo também como ligação entre o catolicismo e as religiões afro-brasileiras. A própria prática do catolicismo tradicional sofreu influência africana no culto de santos de origem africana comon São Benedito, Santo Elesbão, Santa Elfigênia e Santo Antônio de Noto (Santo Antônio de Categorô ou Santo Antônio Etíope); no culto preferencial de santos facilmente associados com os orixás africanos como São Cosme e São Damião (ibejis), São Jorge, (Ogum no Rio de Janeiro), Santa Barbara (Iansã); na criação de novos santos populares como a Escrava Anastácia; e em ladainhas, rezas (como a Tereza de Santo Antônio) e festas religiosas (como a Lavagem do Bonfim onde as escadarias da Igreja de Nosso Senhor do Bonfim em Salvador, Bahia são lavadas com água de cheiro pelas yalorixá do candomblé).
Segundo o IBEGE, 0,3% dos brasileiros declaram seguir religiões de origem africana, embora um número maior de pessoas siga essas religiões de forma reservada.
Inicialmente desprezadas, as religiões afro-brasileira foram ou são praticadas abertamente por vários intelectuais e artistas importantes como Jorge Amado, Dorival Caymmi, Vinicius de Moraes, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethânia (que frequentavam o terreiro de Mãe Menininha), Gal Costa (que foi iniciada para o Orixá Obaluaiyê), Mestre Didi (filho da yalorixá Mãe Senhora), Antônio Caribé, Fernando Coelho, Gilberto Freyre e José Beniste (que foi iniciado no candomblé keto).

Arte

O Alaká africano, conhecido como pano da costa no Brasil é produzido por tecelãs do terreiro de Candomblé Ilê Axé Opô Afonjá em Salvador, no espaço chamado de Casa do Alaká. Mestre Didi, Alapini (sumo sacerdote) do Culto aos Egudun e Assógbá (supremo sacerdote) do culto de Obaluaiyê e Orixás da terra, é também escultor e seu trabalho é voltado inteiramente para a mitologia e arte yorubana.
Na pintura foram muitos os pintores e desenhistas que se dedicaram a mostrar a beleza do Candomblé, Umbanda e Batuque em suas telas. Um exemplo é o escultor e pintor argentino Carybé que dedicou boa parte de sua vida no Brasil esculpindo e pintando os Orixás e festas nos mínimos detalhes, suas esculturas podem ser vistas no Museu Afrobrasileiro e tem alguns livros publicados do seu trabalho. Na fotografia o francês Pierre Verger, que em 1946 conheceu a Bahia e ficou até o último dia de vida, retratou em preto e branco o povo brasileiro e todas as nuances do Candomblé, não satisfeito só em fotografar passou a fazer parte da religião, tanto no Brasil como na África onde foi iniciado como babal, ainda em vida iniciou a Fundação Pierre Verger em Salvador, onde se encontra todo seu acervo fotográfico.

Culinária

A feijoada brasileira, considerada o prato nacional do Brasil, é frequentemente citada como tendo sido criada nas senzalas e ter servido de alimento para os escravos na época colonial. Atualmente, porém, considera-se a feijoada brasileira uma adaptação tropical da feijoada portuguesa que não foi servida normalmente aos escravos. Apesar disso, a cozinha brasileira regional foi muito influenciada pela cozinha africana, mesclada com elementos culinários europeus e indígenas.
A culinária baiana é a que mais demonstra a influência africana nos seus pratos típicos como acarajé, caruru, vatapá e moqueca. Estes pratos são preparados com o azeite de dendê, extraído de uma palmeira africana trazida ao Brasil em tempos coloniais. Na Bahia existem duas maneiras de se preparar estes pratos "afros". Numa, mais simples, as comidas não levam muito tempero e são feitas nos terreiros de candomblé e para serem oferecidas aos orixás. Na outra maneira, empregada fora dos terreiros, as comidas são preparadas com muito tempero e são mais saborosas, sendo vendidas pelas baianas do acarajé e degustadas em restaurantes e residências.

Música

A música criada pelos afrobrasileiros é uma mistura de influências de toda a África subsaariana com elementos da música portuguesa e, em menor grau, amerinda, que produziu uma grande variedade de estilos.
A música popular brasileira é fortemente influenciada pelos ritmos africanos.
As expressões de música afrobrasileira mais conhecidas são o samba, maracatu, ijexá, coco, jongo, carimbó, maculelê. 
Como aconteceu em toda parte do continente americano onde houve escravos africanos, a música feita pelos afrodescendentes foi inicialmente desprezada e mantida na marginalidade, até que ganhou notoriedade no início do século XX e se tornou a mais popular nos dias atuais.

Intolerância religiosa no Brasil

A Constituição Brasileira prevê a liberdade de religião, pois, a Igreja e o Estado, estão oficialmente separados, sendo o Brasil um Estado laico. A legislação brasileira proíbe qualquer tipo de intolerância religiosa, sendo qualquer prática religiosa inteiramente livre no país. Mas, com o crescimento da diversidade religiosa no Brasil, é verificado um crescimento da intolerância religiosa, e entre as religiões, as mais discriminadas estão as de matriz africana, como o candomblé e a umbanda. Por conta desta intolerância, no dia 21 de janeiro ano de 2000, a ialorixá Mãe Gilda, sacerdotisa do candomblé Gildásia dos Santos, sofreu um infarto após ser acusada de charlatanismo pelo jornal Folha Universal, da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD). O veículo foi publicado com a seguinte manchete: “Macumbeiros charlatões lesam o bolso e a vida dos clientes”. A partir daí, grupos de outra religião invadiram a casa dela, agrediram seu marido e depredaram o terreiro que ficava no local. E por este motivo, a data de 21 de janeiro foi instituída como o “Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa”, por meio da Lei nº 11.635, de 27 de dezembro de 2007, sancionada pelo então presidente Luis Inácio Lula da Silva.

Lei Afonso Arinos

(Lei 1390/51 de 3 de julho de 1951) é uma lei proposta por Afonso Arinos (1905-1990)) e promulgada por Getúlio Vargas em 3 de julho 1951 que proíbe a discriminação racial no Brasil. É o primeiro código brasileiro a incluir entre as contravenções penais a prática de atos resultantes de preconceito de raça e cor da pele.
·        A lei prevê igualdade de tratamento e direitos iguais. Nenhum estabelecimento pode maltratar ou deixar de atender o cliente por preconceito de cor de pele. Nesse caso, o agressor e o responsável pelo estabelecimento comercial pode sofrer um processo de contravenção. Em caso de funcionário público, a pena prevista é a perda do cargo e em caso de residência, pode ser embargado o estabelecimento público.
·        Há críticas quanto à aplicação da lei, principalmente em lugares de maior intimidade ou no interior do lar e que pune apenas em lugares públicos.
·        Além disso, a punição pode ocorrer apenas no caso de flagrante ou após confirmação de testemunhas e do próprio acusado, e por essas razões o ofensor geralmente livra-se da pena.
·        Por outro lado, há também críticas quanto ao fato de a Lei permitir que o Estado se envolva em questões meramente privadas e que, desta forma, poderia estar violando as liberdades de expressão e o direito de propriedade, garantidos pela Constituição da República.

 

Consciência Negra

O Dia Nacional da Consciência Negra é celebrado, no Brasil em 20 de novembro. Foi criado em 2003 e instituído em âmbito nacional mediante a lei nº 12.519, de 10 de novembro de 2011, sendo considerado feriado em cerca de mil cidades em todo o país e nos Estados de Alagoas, Amazonas, Amapá, Mato Grosso e Rio de Janeiro por completo através de decretos estaduais. Em Estados que não aderiram a lei, a responsabilidade é do prefeito, que decide se haverá o feriado no município. A ocasião é dedicada à reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira.
A data foi escolhida por coincidir com o dia da morte de "Zumbi dos Palmares", em 1695. Sendo assim, o Dia da Consciência Negra procura remeter à resistência do negro contra a escravidão de forma geral, desde o primeiro transporte de africanos para o solo brasileiro (1549).

Zumbi dos Palmares


Zumbi dos Palmares > Líder do Quilombo de Palmares e símbolo da resistência contra a escravidão que foi assassinado em 20 de novembro de 1695.
O Quilombo dos Palmares foi fundado em 1597, nas terras da Serra da Barriga, atual estado de Alagoas. Em pouco tempo, o seu ideal de liberdade e competente organização fez com que o quilombo se tornasse uma verdadeira cidade.
Até que, em 1695, a expedição de Domingos Jorge Velho destruiu o Quilombo dos Palmares e assassinou Zumbi. Destruiu um território livre símbolo da resistência ao regime escravista e da consciência negra de homens e mulheres em busca da liberdade e da construção de uma nação.
Em 1995, depois de 300 anos de seu assassinato, foi realizada no dia 20 de novembro a Marcha Zumbi dos Palmares - contra o Racismo pela Igualdade e a Vida, reunindo em Brasília cerca de 30 mil pessoas.
Zumbi dos Palmares foi oficialmente reconhecido pelo governo brasileiro como herói nacional.
Recuperar o ideário de Zumbi não é apenas rememorar Palmares, mas resgatar um importante exemplo de luta e organização pela emancipação do povo brasileiro.